quinta-feira, 8 de julho de 2010

# Treinamento (1º dia)

# Malásia 2010a
Chegamos!
Depois de 60 horas de viagem, contando todos os trajetos desde Engenheiro Coelho, SP, até o aeroporto de Guarulhos, chegamos à Malásia. Estamos no Estado de Sabah, na cidade de Kota Kinabalu. A foto retrata um pouco do país. Após conversa com os militares, tivemos autorização para fotografar, mas apenas nesse local. Afinal, o aeroporto de Kota Kinabalu é uma base militar e as fotos são restritas.

Apresentamos os passaportes e fomos aceitos como turistas. Por aqui, essa é a maneira de conseguir entrar e desenvolver as séries de evangelismo. Programas religiosos oficiais vindos de fora não são bem vistos. Ou seja, chegamos como turistas para ajudar o programa oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Kota Kinabalu.

# Malásia 2010b
Pr. Luís Leonor (ShareHim)

O primeiro dia de trabalho na Malásia foi muito bom. No treinamento, recebemos detalhes sobre o país e conhecemos os pastores locais. Percebemos que a principal dificuldade para a pregação do evangelho não é a financeira, mas sim a repressão do sistema muçulmano. Para os jovens que procuram um lugar para viagem missionária fica aqui a dica, Malásia. Povo acolhedor, moeda mais fraca que o real e desafios tremendos para batismos e ajudas cristãs. No treinamento, já sentimos a mão de Deus nos conduzindo.

Para saber +
Siga os perfis www.twitter.com/eduardoteix e www.twitter.com/felipetonasso
Você pode acessar também: http://tonasso.blogspot.com/

Missão Malásia

Começa aqui o diário de bordo da viagem missionária para a Malásia. Algumas explicações são necessárias para que todos possam participar de maneira mais interativa, não só lendo as novidades desse projeto, mas orando em prol de toda essa movimentação. Dividiremos o diário em três partes: antes, durante e depois. As informações são fornecidas pelo jornalista e estudante de Teologia Eduardo Teixeira, que além de pregar, participa do projeto gravando um documentário e preparando uma matéria especial para a edição da Conexão JA de outubro. Vale a pena conferir e divulgar!




#
O que é?

O projeto Missão Malásia é a aventura missionária de seis alunos de Teologia e seu professor Berndt Wolter. A iniciativa é uma parceria do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho com a organização ShareHim (www.sharehim.org). É a primeira vez que o curso envia alunos para esse país asiático que pertence a Janela 10/40, delimitação geográfica que vai do oeste da África à Ásia, em que presença cristã é minoritária ou inexistente em alguns países.




Nessa região do Planeta, a liberdade religiosa, quando existe, é frágil. Logo, muitos cristãos e missionários sofrem perseguição. Ali, o cristianismo avança mais vagarosamente. Para entender melhor as tensões religiosas na Janela 10x40, acesse o estudo. Os dados disponíveis nesse link se referem às perseguições oficiais do Estado ou aos ataques de parte da população.

#O campo missionário



• É um país do sul asiático.

• Tem 28 milhões de habitantes.

• Dentre os muitos dialetos, o malaio é a língua mais falada, seguida do inglês.

• A capital é Kuala Lumpur.

• 60,4% da população é islâmico e toda estrutura governamental é dominada por um partido muçulmano.

• De acordo com o artigo 160 da Constituição da Malásia, todos os malaios deveriam ser considerados de etnia muçulmana, apesar da grande diversidade étnica-histórica da população da região.

• Na Malásia, 9,1% dos habitantes são cristãos. No Brasil, o número de cristão se aproxima de 95% da população.

#Doações

Só estamos aqui (eu especialmente) por causa das doações do Quiet Hour e de várias igrejas e amigos que ajudaram. Esse é um espaço também para agradecer quem ajudou. Obrigado! O versículo que marcou o período em questão foi: “Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo” (Lc 6:38).

# O projeto

A viagem é para a cidade de Kota Kinabalu na região de Sabah, a parte menos favorecida da Malásia. Vamos pregar para chineses e indianos, além dos malaios, em maior quantidade. Serão 19 noites de pregação em inglês. Para isso contamos com as apresentações preparadas pelo ShareHim que contam com sincronização, ou seja, enquanto o orador lê os tópicos em inglês são projetos os slides em malaio para o público. Na agenda do dia está previsto: estudar os sermões pela manhã, visitar na parte da tarde e pregar à noite.

# Curiosidade

Os muçulmanos exclusividade no uso da palavra Alá, por isso, poderemos usar apenas God, Jesus e Holy Spirit. Ver matéria da Época.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dupla aprovação

Professora relata como conquistou o diploma universitário sem abrir mão da guarda do sábado

Estou escrevendo a seguir um pouco da minha história como universitária. Resolvi fazer isso porque vejo muitos jovens abandonando seus princípios, especialmente a guarda do sábado, por causa das aulas. Meu nome é Brunna Laryelle Silva Bomfim e moro em Nazaré do Piauí, PI, cidade com menos de 10 mil habitantes, a duzentos quilômetros de Teresina. Em 2006, aos 16 anos, fui aprovada no curso de Ciências Biológicas do CEFET-PI (atualmente IFPI), campus Floriano. Nunca dei trabalho aos meus pais em relação aos estudos, mas meu Ensino Médio não foi muito bom, por isso, enfrentei muita dificuldade na universidade.

Logo no primeiro semestre, já conversei com os professores e a coordenadora do curso sobre as aulas de sextas à noite. Em princípio, tudo ficou resolvido. Eu fazia as provas e trabalhos e entregava para os professores semanalmente. Porém, no fim do semestre, tive que fazer a prova final em duas disciplinas, justamente as mais importantes. Caso fosse reprovada nelas, não poderia cursar algumas matérias no semestre seguinte. As avaliações estavam marcadas para sexta à noite. Conversei com os professores e, apesar da má vontade de um deles, ambos aplicaram as provas na sexta de manhã. Quase todos os alunos que fizeram a prova naquela noite perderam a matéria, mas eu consegui passar. De 40 alunos, apenas dez passaram em todas as disciplinas do primeiro semestre, 15 desistiram e 25 continuaram o curso.

No período seguinte, tive a matrícula de uma disciplina cancelada por não assistir as aulas dos sábados pela manhã. Resultado: sem muitos problemas, cursei essa matéria no ano seguinte. Em 2008, um professor ateu que substituía a professora titular decidiu não abonar minhas faltas. Fui reprovada, mesmo tendo nota superior a de outros alunos que assistiram todas as aulas. O jeito foi refazer essa disciplina nas férias.
Nos estágios tive mais facilidade, pois adaptei os horários. Fiz muitas viagens para congressos e aulas de campo, porém, na maioria das vezes, elas foram realizadas nos fins de semana. Quando isso acontecia, no sábado, eu faltava às aulas ou eventos e procurava a igreja adventista mais próxima. Quando não tinha um templo na cidade, eu ficava no dormitório fazendo o culto sozinha. Dos 20 alunos da turma, eu era a única que não ia para as festas. A fidelidade é uma coisa necessária para aqueles que querem servir a Deus. Lá, ninguém estaria me vendo, por isso, poderia fazer o que eu quisesse, porém, Deus estava vendo, e isso é mais importante.

Terminei meu curso em 2009 e em março deste ano, minha turma participou da colação de grau. Dos 40 alunos que começaram o curso, só quatro terminaram no tempo certo. E eu, pela graça de Deus, estava entre eles, aos 20 anos, formada e aprovada em dois concursos públicos. Atualmente, trabalho numa cidade sem presença adventista. Tentei ser transferida dessa cidade, mas percebi que Deus queria que eu testemunhasse de alguma maneira ali. Sempre que possível faço cultos em um bairro. Minhas alunas convidam pessoas, e ai eu canto, oro e prego para elas. Orem para que Deus me ajude. Na universidade existem muitas formas de esquecermos de Deus, mas há outras de nos achegarmos a Ele. Se você passa por algo parecido, implore pela ajuda Dele!

Conheça o blog da igreja da Brunna: http://adventistasnazare.blogspot.com/ ou compartilhe sua experiência com ela, pelo e-mail: http://www.blogger.com/brunnalaryelle@yahoo.com.br

terça-feira, 6 de julho de 2010

Além de seu tempo

Professor defende tese doutoral que explica o pensamento de vanguarda de Ellen G. White

Nascido na Bolívia, mas radicado no Brasil, o professor e pastor Adolfo Semo Suárez deve à educação cristã sua conversão ao adventismo. O contato com a escola adventista na juventude o motivou a fazer da docência seu ministério. Toda sua carreira tem sido dedicada ao ensino religioso no Ensino Fundamental, Médio e Superior. Autor de três livros, Adolfo também é co-autor da série Interativa de Ensino Religioso (http://www.cpb.com.br/), utilizada nas escolas adventistas brasileiras. Nessa entrevista, ele fala sobre o tema de sua tese doutoral, defendida há pouco mais de um mês na Umesp, em São Bernardo do Campo, SP. Durante dois anos, um deles passado nos Estados Unidos, Adolfo estudou por que a americana Ellen Gold White, principal referência da educação adventista, escreveu e promoveu conceitos educacionais de vanguarda para sua época. Ele é formado em Teologia e Pedagogia, é mestre em Ciências da Religião, é professor assistente do MBA em Liderança da Andrews University (EUA) e docente do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), em Engenheiro Coelho, SP.

1) Parece-me que as conclusões de sua pesquisa apontaram para alguns conceitos educacionais de vanguarda de Ellen White, escritos no século 19. Em que aspectos ela se mostrou além de seu tempo?

Em diversos aspectos. Aponto ao menos dois. Em seus escritos há uma sólida abordagem sobre o caráter holístico da educação, discussão que seria valorizada por outros autores apenas algumas décadas depois de seu primeiro e famoso texto chamado “A Educação Ideal” (Testemunhos Seletos, vol. 3). Ela defendia que deveria se evitar a fragmentação educacional e se valorizar todos os aspectos do homem, inclusive o espiritual.

Outro conceito pioneiro do pensamento de White foi a temática da libertação-liberdade, especificamente quanto ao pensamento reflexivo. Enquanto que a tendência da sua época era a padronização e ortodoxia da educação, que produzia estudantes “formatados”, ela defendeu o desenvolvimento do senso crítico, a fim de que os alunos simplesmente não refletissem o pensamento de outros.
A postura de Ellen White é inovadora e até ousada para seu tempo, e adquire maior significado quando percebemos que suas ideias contrariaram seu próprio grupo religioso, que, de modo geral, preferia não investir em educação devido sua crença na brevidade da volta de Jesus.

2) A ideia de uma educação libertadora, conforme concebida por Paulo Freire, é recorrente nas discussões sobre educação. O que ele pensava sobre isso e como seus estudos convergem e divergem da posição de Ellen White?

Nas palavras de Freire, o ser humano tem consciência de sua finitude. E sua transcendência nasce justamente “na consciência que tem desta finitude. Do ser inacabado que é, cuja plenitude se acha na ligação com seu Criador” (Educação como Prática da Liberdade, p. 48). Ao contrário dos fenomenólogos, conforme André Gustavo Ferreira da Silva, Freire entende “que a liberdade [...] não é a transcendência em si, mas a sua completude pela dimensão supra mundana, a suprema autonomia diante da própria materialidade”, ultrapassando “o mundo e sua própria materialidadade”(O Conceito de Liberdade no 1º Paulo Freire, p. 7). Esse conceito parece estar em sintonia com a ideia de White sobre a impotência humana, que impossibilita o homem de escapar de suas próprias limitações, tornando indispensável a participação divina. Já a principal divergência entre White e Freire é a respeito dos fundamentos da liberdade: enquanto White entende a liberdade como fundamentada em Deus – é um chamado divino – Freire a compreende como um desejo do oprimido, o qual nasce no coração dele.

3) Como a experiência de superação pessoal de Ellen White influenciou seus escritos?

Ao analisar a infância de Ellen White, percebo que desde a meninice ela foi forçada a aprender a lidar com a rejeição. Sentia-se rejeitada por ser diferente em sua condição física (na infância, White recebeu uma pedrada no rosto, o que lhe trouxe complicações de saúde para o resto da vida) e, consequentemente, sentia-se diferente por ser rejeitada. Essas rejeições se manifestaram ao longo da vida, especialmente quando seus conselhos e orientações estavam na contramão daquilo que a maioria esperava.

Creio que podemos enxergar na experiência de superação pessoal de White uma metáfora daquilo que todo sujeito é capaz de alcançar, especialmente quando se conscientiza de suas limitações e possibilidades e de que deve, deliberadamente, ser o construtor de suas realizações, tendo Deus como o gerador de sentido para uma vida que muitas vezes parece não ter sentido. Essa pedagogia se mostrou importante para a nascente igreja, pois lhe apontou suas possibilidades e limitações e ensinou-lhe a depender de Deus em seus desafios.

4) Como o senhor explica a contribuição educacional de Ellen White para um movimento religioso, sendo que ela teve acesso a apenas à educação elementar?

Tenho plena convicção de que a percepção e o pensamento seminal de Ellen White sobre educação não eram possíveis por meios meramente humanos. Toda essa contribuição é fruto da revelação de Deus. Afirmo isso por que a abordagem de certos temas (serviço, pensamento crítico, redenção e educação, holismo educacional, para citar alguns) eram incipientes em sua época. Como ela teria a sensibilidade de abordá-los sem ter uma sólida formação teórica? Daí que só resta uma resposta sensata: foi fruto de revelação.

5) A educação confessional está em alta ou baixa? O que diferencia a filosofia educacional adventista dos demais modelos confessionais?

A educação confessional, de modo geral, não cresce. Mas a educação adventista avança a passos largos. E creio que avança, em grande medida, por causa de sua proposta diferenciada. E sua grande diferença não é a abordagem religiosa, pois essa temática é cada vez mais frequente na educação secular. Seu diferencial é, primeiramente, a proposta de transformação total da personalidade, a restauração da imagem de Deus no homem. A segunda distinção é a comunhão A educação adventista propõe fazer do processo ensino-aprendizado um ato de partilha, por isso valoriza a comunhão entre alunos e alunos, e entre estudantes e professores.

6) Além dos aspectos religiosos, quais são as contribuições do pensamento de Ellen White para hoje?

Muitas! Mas fico apenas na questão da redenção e do serviço. As implicações da noção de educação-redenção para a práxis educacional ocorrem em pelo menos três aspectos: (1) modifica o sujeito ao longo da vida, por que é um ensino que não se limita a sala de aula, sendo capaz de unir a educação familiar, escolar, social e eclesial; (2) modifica o sujeito em sua complexidade, promovendo todas as potencialidades humanas (não apenas as cognitivas), o sintonizando à demanda multidimensionais da sociedade. Finalmente, destaco que ela propôs uma práxis pedagógica que prepara para o serviço. Assim, mediante uma vida de utilidade, o ser humano é elevado acima da escravidão da artificialidade.

7) Que riscos reais as escolas adventistas correm de perder a identidade e como reverter esse processo?

A prática educacional se faz fundamentada em ideologias. Quando as ideologias assumidas (consciente ou inconscientemente) divergem da proposta que originou o movimento – as quais se mostram certas, apropriadas – então a prática educacional assume outro “rosto” ou “roupagem”, o que desfigura sua proposta inicial. A educação adventista corre esse risco porque, à medida que o tempo passa, vivemos mais longe dos fundadores, o que contribui para o esquecimento das ideologias fundantes. Como reverter esse processo? Precisamos refletir em nossas práticas, a fim de sermos capazes de discernir o que devemos reafirmar e solidificar, e o que devemos mudar para manter nossa missão e identidade. Para isto, nada melhor do que a releitura daquilo que um dia formou nossa identidade.

8) O senhor leciona e vive próximo a um campus de internato. Por que Ellen White apoiou a construção de internatos e qual é a relevância desse modelo hoje para os alunos do ensino superior?

Ela apoiou os internatos por que tinha a convicção de que haviam sido estabelecidos a fim de preservar os jovens das más influências. No seu entender, essas instituições deveriam prover uma “atmosfera doméstica” aos jovens, para resguardá-los “de tentações à imoralidade” (Counsels on Education, p. 154). Os internatos cumprem um papel fundamental hoje para os estudantes do ensino superior, oferecendo a eles uma sólida formação integral: cognitiva, social, emocional, física e espiritual, pois o internato – com suas diversas programações – cria possibilidades para isso. Ademais, nesse ambiente, o aluno adquire autonomia, responsabilidade e disciplina, elementos fundamentais para o sucesso profissional - Por Wendel Lima.

Saiba +
A Igreja Adventista mantém dezenas de internatos ao redor do mundo. No Brasil, seis campi oferecem cursos no ensino superior, confira:

Faama - Faculdade Adventista da Amazônia (Benevides, PA)
http://www.faama.org.br/
FADBA - Faculdades Adventistas da Bahia (Cachoeira, BA)
http://www.iaene.br/
Fadminas – Faculdades Adventistas de Minas Gerais (Lavras, MG)
http://www.fadminas.org.br/
IAP - Instituto Adventista Paranaense (Ivatuba, PR)
http://www.iap.org.br/
Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo (Capital e interior)
http://www.unasp.edu.br/

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Entre a fé e o mito

Vez ou outra o Santo Sudário, mortalha identificada por alguns como o pano que cobriu Jesus após sua morte, é pautado pela imprensa, especialmente em datas de interesse cristão, como a Páscoa. Por isso, na semana passada, diversas matérias sobre a reconstituição do rosto do defunto envolto na relíquia ganharam destaque, dentre elas uma veiculada no Fantástico do último domingo. Para saber um pouco mais sobre o que há de concreto e sensacionalista nessa discussão, conversei com o professor Rodrigo Silva, doutor em Novo Testamento, especialista em Arqueologia Bíblica pela Universidade Hebraica de Jerusalém e curador do Museu Paulo Bork do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), onde também leciona no curso de Teologia. Ele, que apresenta o programa Evidências da TV Novo Tempo, explica por que é cético em relação ao sudário e se a imagem imortalizada que temos de Jesus tem respaldo histórico.

1) Apesar de a autenticidade do Santo Sudário já ter sido seriamente questionada, por que a relíquia é pauta recorrente?

O que temos são modismos sensacionalistas. Por exemplo, quando em 1980 três laboratórios mostraram, a partir do teste de carbono 14, que o pano era da Idade Média, o descrédito veio a tona na mídia. Em 2005, quando a Igreja Católica declarou que o pano submetido a exame, por engano, fora apenas um remendo feito no sudário por freiras na Idade Média, a questão voltou ao noticiário. A seguir, em 2009, quando um sudário autêntico do primeiro século foi encontrado numa tumba em Jerusalém, a comparação com o sudário de Turim novamente lançou dúvidas sobre o assunto. Mas, vale lembrar que, a veracidade do sudário não foi o tema da matéria do Fantástico e sim a reconstituição do rosto do suposto morto envolvido no pano.

2) O senhor se considera um crítico ou no mínimo um desconfiado em relação à mortalha. Por quê?

Apesar de crer na ressurreição literal de Jesus, não aprecio a fabricação de argumentos para consubstanciar minha fé. A legitimidade ou não do Santo Sudário, não me faz mais nem menos crente acerca da historicidade da ressurreição. Além disso, as investigações sobre a peça ficaram restritas a Igreja Católica, o que dificulta a credibilidade da pesquisa. Mesmo assim, o grupo que investigou um pedaço do pano, sob a tutela da Igreja, teve resultados muito contraditórios, sem contar os outros três laboratórios que dataram a "relíquia" como pertencendo à Idade Média. Logo, do ponto de vista científico ou acadêmico há muito pouco o que dizer sobre um objeto que não está disponível para investigação.

3) E o que de concreto pode haver contra a autenticidade do sudário?

Alguns fatores, entre eles, a não comprovação de que o sangue contido no pano seja humano. E ainda que seja de um homem, intriga porque o sangue fresco em contato com o lençol deixaria um borrão e não a marca de um tênue escorrimento. Em segundo lugar, se o corpo de Jesus foi levado envolto no lençol desde a cruz até o túmulo, a caminhada apressada dos discípulos provocaria marcas de transporte no tecido. Essas marcas não existem. Em terceiro lugar, a Bíblia, no texto de João 19:38 a 20:7, menciona que Jesus foi envolto em "lençóis", no plural. E indica também que um dos panos estaria envolvendo apenas a cabeça. Essa descrição contraria a teoria do sudário, por ser uma peça única.

4) E quanto à posição do corpo?

As mãos do defunto sobre a pélvis é no mínimo suspeita. Segundo o costume judeu, os corpos tinham os braços estendidos do lado do corpo ou ajeitados junto ao dorso (a cabeça também era virada para um dos lados). No caso do sudário, as mãos foram delicadamente colocadas sobre o baixo-ventre, como se estivesse cobrindo a nudez do defunto, imagem que parece evocar o puritanismo artístico-medieval. Outra suspeita é a suposta moeda romana vista nos olhos do corpo, demonstrando mais uma prática da Idade Média do que dos tempos do Novo Testamento. E por fim, chamo atenção para o silêncio da Bíblia em relação ao sudário. Se ele fosse autêntico teria sido mencionado pelos discípulos ou críticos de Jesus.

5) No decorrer dos séculos, a figura de um homem alto, com barba e cabelos longos foi praticamente imortalizada como a imagem de Jesus. É possível precisar quando Cristo começou a ser retratado dessa forma e por quê?

Até o início do quinto século praticamente não havia representações artísticas da cruz e da crucificação. Os primeiros cristãos pareciam pouco inclinados a destacar visualmente a morte humilhante do filho de Deus, preferindo retratá-lo em vida como amigo, senhor e protetor. Mas é no período bizantino que se começa a explorar mais as feições faciais de Cristo, de um Jesus com barbas e cabelos longos. Porém, segundo Irineu de Lion, um escritor da Igreja Cristã que viveu no 2º século depois de Cristo, ou seja, muito mais próximo das fontes apostólicas, as descrições feitas em sua época sobre Jesus eram completamente equivocadas. Santo Agostinho de Hipona, por sua, escreveu no começo do 5º século que ignorava completamente as descrições artísticas feitas de Jesus. Talvez, sua fala fosse uma condenação a riqueza e ostentação manifestadas por um cristianismo que dava as mãos para o império romano e se distanciava cada vez mais da simplicidade dos primeiros seguidores de Cristo.

6) O que a Bíblia e os escritos dos primeiros cristãos dizem sobre a aparência física de Jesus?

Na Bíblia, não encontramos um “retrato falado de Jesus”, porém, se aliarmos sua leitura às informações arqueológicas disponíveis, é possível encontrar ali poucas, porém, razoáveis possibilidades. Inquestionavelmente ele era um semita, e como os povos que habitavam ao sul do Mediterrâneo, deveria se distinguir dos gregos e romanos pela cor azeitonada da pele, olhos negros, cabelo escuro, nariz arqueado e estatura mediana. Pelo trabalho pesado que exercia como carpinteiro (não de móveis, mas no corte de pedras e de madeiras para a construção de casas), e por conseguir carregar a cruz por um bom trajeto, Ele deveria ter um físico musculoso.

7) Há poucos anos, uma pesquisa feita com base no crânio de um judeu do primeiro século sugeriu uma face morena e mais arredondada para Cristo, bem distinta da tradicional. Seria essa mais próxima da real? Veja o vídeo sobre a pesquisa.

O próprio professor Richard Neave, da Universidade de Manchester, que comandou a pesquisa, admitiu que essa tentativa forense também tem suas limitações. Questões como cor da pele e dos olhos, forma e tamanho do cabelo e certas cartilagens exteriores são fruto exclusivo da imaginação do especialista, o que torna o resultado parcialmente artístico e não 100% científico como se supõe. Ademais, Neave usou o crânio de um judeu e não faria sentido pensar que todos os contemporâneos de Jesus eram parecidos.

Por Wendel Lima

Para saber +
DVD Evidências, volumes 1 e 2, com 16 programas cada
Livro Escavando a verdade, do Dr. Rodrigo Silva (CPB)

domingo, 17 de janeiro de 2010

Mãos abençoadas

Se a história de superação pessoal e sucesso profissional do Dr. Benjamin Carson, contada nas páginas dos seus livros, já emocionou e inspirou milhares ao redor do mundo, menor impacto não pode se esperar do filme sobre sua vida. Lançada em fevereiro de 2009, nos Estados Unidos, a produção começou a ser vendida no Brasil em janeiro deste ano (www.allcenter.com.br). Estrelado por Cuba Gooding Jr., cuja semelhança física com o médico impressiona, o filme mostra como o garoto de família desestruturada, com baixo rendimento escolar e temperamento descontrolado, se tornou um dos maiores neurocirurgiões do mundo. Tendo como ponto de partida uma das operações mais difíceis da carreira de Carson, a separação dos gêmeos siameses ligados pela cabeça, o roteiro retrata a infância de “Bennie” e mostra como a influência da sua mãe, da leitura e da fé em Deus foram fundamentais para que ele sonhasse e voasse alto.

Apesar de ser pintado como um homem sensível, religioso, idealista e bom pai de família, o filme decepciona os adventistas que (como eu) esperavam ver alguma referência ao adventismo. Na produção, a fé tem papel importante, mas secundário, na biografia de Carson. O grande mérito de seu sucesso é atribuído à mãe. Embora o drama termine com a bem-sucedida cirurgia de 1987, o “milagre” que consagrou o médico, deixou de abordar, ainda que no material extra, aspectos importantes da vida dele: como o trabalho filantrópico de sua fundação (http://carsonscholars.org), as condecorações que recebeu do governo americano e sua luta contra o câncer de próstata em 2002.

De qualquer forma, ninguém vai se arrepender de assistir Gifted Hands, pois é um estímulo para os jovens, uma homenagem aos pais dedicados e um lembrete a todos os cristãos de que nossas “mãos” são poderosamente abençoadas quando nos colocamos nas mãos de Deus.

(Wendel Lima, jornalista)

Para saber mais sobre o Dr. Ben Carson, leia Ben Carson (1997) e Sonhe Alto (1999). Acesse www.cpb.com.br ou ligue 0800-9790606.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quem controla sua mente?

Duas matérias publicadas na revista Veja desta semana me fizeram pensar. A primeira é a reportagem de capa sobre a memória. Pesquisas confirmam o que já se sabia: que memórias associadas a emoções ficam mais efetivamente trancadas no cérebro. O neurocientista português António Damásio diz que essas “imagens interiores” produzidas por um estado emocional “constituem aquilo que chamamos de espírito humano”. A outra reportagem (“O ‘efeito Avatar’ chega à TV”) trata das novas TVs com tecnologia 3D, que vão tornar o ato de assistir a um filme muito mais emocionante, uma vez que, com óculos especiais, se poderá ter a sensação de estar participando da história. A associação entre as duas matérias me foi inevitável. Mais emoção virtual e mais memórias trancadas na mente. Ellen White afirma que pela contemplação somos transformados, então imagine o tipo de transformação a que estarão sujeitas as pessoas que decidirem imergir nessas produções hollywoodianas cheias de lixo... O “espírito humano” está ficando cada vez mais corrompido...[MB]

O assunto rende mais, por isso estou escrevendo um artigo sobre isso para a seção “Raio X” da próxima edição da revista Conexão JA.

Michelson Borges, editor

Leia também: “Avatar e a saudade do Céu”

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Você é a igreja

O cardeal Angelo Giuseppe Roncalli, de Veneza, na Itália, era muito amigo do papa Pio 12. Por isso, sempre que precisava desabafar sobre suas dificuldades e buscar conselhos com alguém mais experiente, recorria ao seu amigo. Após a morte de Pio 12, em 1958, Angelo se tornou o papa João 23 e ficou conhecido por seu bom-humor e bondade. No seu primeiro dia de trabalho, deparou-se com problemas maiores do que imaginava. Naquela noite, revirou-se na cama tentando driblar as preocupações e dormir. Finalmente, conseguiu relaxar ao decidir pedir conselhos ao papa no dia seguinte. Porém, perdeu o sono de vez quando se lembrou de que ele era o papa!

Essa ilustração, que ouvi em um sermão do pastor Amin Rodor, de maneira até engraçada, mostra que não se deve fugir das responsabilidades, principalmente das espirituais. Quando se está diante dos compromissos e desafios é comum ser tentado a desistir, fazer “corpo mole”, responsabilizar os outros ou até mesmo “pular fora”. Mas rejeitar ou atender de “qualquer jeito” a vontade de Deus para você não é a melhor maneira de começar, viver ou terminar um ano. Ainda que pareça não tão confortável, Deus o está chamando a priorizar aquilo que realmente é importante.

É preciso sonhar e acreditar numa igreja melhor. Uma igreja que tenha uma experiência real com Deus; que conheça, viva, pregue e defenda a Bíblia; que descubra seus dons e os aplique para o crescimento de todos; que se transforme numa comunidade cada vez mais acolhedora, a fim de que atraia seus familiares, amigos e vizinhos; que ilumine seu bairro; e que sinta a atmosfera do Céu a cada culto.

O que nós não podemos esquecer é de que a igreja sou eu e você. Se você deseja uma igreja melhor, seja um adventista diferente em 2010. A igreja dos sonhos começa com suas pequenas e grande atitudes. Com a pontualidade e frequência aos cultos; com o cuidado dos pais quanto à reverência dos filhos; com a organização, exemplo e otimismo dos líderes; com a oração intercessória dos mais quietos; com a participação dos tímidos nos bastidores; ou com a disposição dos jovens para “tocar” os projetos. A igreja com a qual eu sonho não é ilusão, porque é o ideal de Deus. Lembre-se: a igreja é você.

Feliz ano novo!

Wendel Lima

Viagem ao centro da Terra

Acompanhe nossa equipe em uma exploração às cavernas do Petar

Sono, muito sono. Afinal, eram cinco horas da manhã quando eu e o Daniel, um dos fotógrafos da Conexão JA, subimos ao ônibus em direção ao Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, o Petar. Criado em 1958, o Petar é a maior concentração de cavernas de São Paulo, localizado nas cidades de Iporanga e Apiaí, no sul do Estado. Acompanhávamos uma excursão de 46 jovens adventistas de Tatuí, SP. Para chegar lá, percorremos 230 km, a maior parte deles em uma estrada cheia de curvas. Não foi à toa que o ônibus deu uma paradinha para alguns se recomporem...

Chegamos em Apiaí por volta das 9h. Na entrada da cidade, os guias do Petar embarcaram e nos conduziram até o parque: subimos e descemos a serra. No meio do caminho, paramos para aproveitar a paisagem, no Mirante da Boa Vista.

Mais alguns minutos de viagem e, finalmente, o Petar. Descobrimos que o parque é bem maior do que imaginávamos – mais de 35 hectares – e o roteiro previsto incluía apenas o núcleo Santana (são quatro núcleos e cada um deles exige um dia de visita, no mínimo). Lá, os jovens se dividiram em grupos: todos iriam explorar os mesmos lugares, mas em horários diferentes. O Daniel e eu decidimos acompanhar um grupo pela manhã e outro à tarde.

LABIRINTO

A primeira aventura foi na Caverna de Santana. O guia, o animado Rodrigo Reis, nos informou que essa é a maior caverna do Petar. Ela possui cerca de 8 km mapeados, mas nossa caminhada seria de “apenas” 800 metros. E lá vamos nós, equipados com lanternas e capacetes.

De início, percebemos que essa não é uma caverna urbanizada como a lendária Caverna do Diabo. Para sair inteiro do labirinto, foi preciso se espremer em vários túneis estreitos e atravessar tábuas de 30 centímetros sob o Córrego Roncador, que passa dentro da caverna. A escuridão também não ajudou muito. O lugar era tão escuro que, para conseguir as imagens que você vê ao lado, o Daniel precisou da ajuda de uma lanterna para mirar o foco e de um flash superpoderoso.

Enquanto percorríamos a caverna, o Rodrigo aproveitou para nos explicar sobre as formações rochosas, que surgem a partir de goteiras de água. “Toda formação de cavernas é chamada de espeleotema. As mais conhecidas são as estalactites (que descem do teto) e as estalagmites (que ‘crescem’ do piso)”, listou ele. Mas há muitas outras rochas para ver, verdadeiras obras de arte da natureza: cabeça de cavalo, cabeça de macaco, pata do elefante, seios de Fafá, bolo de noiva, gruta do Cristo, altar, bailarina, asa do anjo (quando a estalactite abre para o lado), cortinas de bacon...

Um dos momentos mais emocionantes foi na gruta do segredo, próximo ao Cristo: quem quiser descobrir o mistério precisa se arrastar deitado no chão até o fim de um túnel de cerca de cinco metros, onde só cabe uma pessoa por vez. Entre minhas tendências claustrofóbicas e minha curiosidade, venceu a curiosidade. Arrastei-me até lá e desvendei o enigma. Só não vou revelar qual é...

No salão do encontro – gruta que liga os níveis inferior, intermediário e superior da caverna –, o Rodrigo fez uma brincadeira conosco. Pediu para que ficássemos em silêncio e apagássemos as lanternas. Blecaute! A escuridão era total; não conseguíamos ver nem mesmo os dedos da mão. “Se ficássemos acima de 25 minutos no escuro, teríamos a audição aguçada e começaríamos a ouvir ruídos que normalmente não ouviríamos”, garantiu o guia. Realmente, antes mesmo desse período, até conseguimos ouvir o barulho do rio, no piso inferior. Foi um alívio quando as luzes se acenderam novamente e encontramos o caminho de volta.

ANFITEATRO NATURAL

Depois de forrar o estômago, pegamos carona com outro grupo. Primeiro, fomos até a Caverna do Morro Preto. Para chegar lá, encaramos uma trilha de subida bem íngreme. Mas valeu a pena. Na entrada, um pórtico com aproximadamente 15 metros de altura e 10 de largura antecipou a visão interna.

Ao entrar no átrio, senti-me em um anfiteatro natural. A sensação se confirmou quando o guia, o Luís Antônio Reis (irmão do Rodrigo), nos informou que o Petar contrata uma orquestra para se apresentar ali em todos os seus aniversários. Alguém dá um grito para sentir a acústica. Impressionante.

Ainda no átrio, o Luís nos mostra alguns fósseis de caracol e lesma. Dada a altura elevada da caverna, ele diz que esses sedimentos só poderiam ser depositados ali por meio de uma forte correnteza de água (soa familiar?).

Com a ajuda de uma corda, passamos bem pertinho de um precipício. O guia tenta nos assustar contando a história de um homem que morreu nessa caverna. “Ele ultrapassou a área de visitação e se arriscou desnecessariamente”, tranqüilizou em seguida, garantindo que nosso trajeto é seguro. No fundo da caverna, vemos a luz da entrada. Seria muito nerd dizer que me lembrei da alegoria da caverna de Platão?

TÚNEL MOLHADO

Fazemos o caminho de volta e partimos para a última exploração, a Caverna do Couto. Ao contrário da larga entrada da gruta anterior, esta é bem apertada. Alguns até pensaram em desistir. Sem chance. Já dentro da caverna, descemos por uma escada e alcançamos o Rio Couto, onde é quase inevitável botar os pés na água. Além do frio, deu dó de molhar o tênis, mas... fazer o quê?

O grande destaque da Caverna do Couto é sua travessia de ponta a ponta, em cerca de 420 metros. O túnel, de início largo e espaçoso, vai se afunilando, afunilando, afunilando... lá pelo meio, temos que ir quase agachados. O Daniel, que mede 1,80 metro, agradeceu pelos capacetes: é que ele deu umas boas cabeçadas no teto. Eu, por minha vez, “dancei” bastante ao tentar me equilibrar nas pedras escorregadias.

Finalmente, chegamos à boca de saída da caverna. Então... fizemos o caminho de volta! Já explico: é que queríamos terminar o dia com um banho na Cachoeira do Couto, que fica na entrada da caverna. Se seguíssemos a saída normal, teríamos que enfrentar uma trilha enorme e não daria tempo. O jeito foi voltar e repetir tudo.

Mas é claro que houve emoções diferentes. Foi nesse momento que um morcego passou bem pertinho da gente. “Eles só atacam se você gritar ou ficar se mexendo, pois se sentem ameaçados. Basta ficar em silêncio e parado”, avisa o guia. Aham... falar é fácil, né?!

Ao sairmos da caverna, demos de cara com a cachoeira. Mais gelada, impossível. Mas ninguém relutou. Entramos na cachoeira com roupa e tudo, só para sentir a deliciosa hidromassagem natural. Depois, na volta para a sede do núcleo, enfrentamos até um banho de rio e uma travessia na pequena correnteza.

Fernando Torres

O teólogo Newton

Pouca gente sabe que Isaac Newton, um dos maiores cientistas de todos os tempos, era também estudioso das profecias bíblicas. Surpreendentemente, a revista Sapiens nº 4 (“filha” da Superinteressante) chamou atenção para esse lado pouco conhecido da história. O texto, com a chamada de capa “A face oculta de Isaac Newton”, afirma que o cientista passou a vida estudando a Bíblia para “prever quando Jesus voltaria à Terra”. O subtítulo, por sua vez, deixa claro o preconceito embutido: “Isaac Newton, quem diria, era um religioso fanático”. Fanático? Na verdade, o fato de Newton não ver contradição entre ciência e religião deveria fazer os cientistas céticos de hoje reverem seus conceitos.

A matéria diz mais: “No caso de Newton, o misticismo e a religião não só conviveram com a ciência como a fortaleceram. ‘Seu mergulho profundo nas experiências alquímicas [...] e nas raízes da teologia pode ter influenciado seus pensamentos a respeito de uma visão mais ampla do Universo’, afirma Michael White, autor da biografia Isaac Newton – O Último Feiticeiro.”

Segundo Sapiens, Newton morreu afirmando que o movimento e as órbitas dos planetas eram definidos por Deus, assim como a composição da matéria. “Se os homens, animais etc., tivessem sido criados por ajuntamentos fortuitos de átomos, haveria neles muitas partes inúteis, aqui uma protuberância de carne, ali um membro a mais”, escreveu o cientista, que “encarava o aprendizado como uma forma de obsessão, uma busca a serviço de Deus”, nas palavras de James Gleick, autor de Isaac Newton.

No fim da matéria, somos informados de que, nos últimos dias de vida, Newton passou a dedicar mais tempo ao estudo da Bíblia. É bastante significativo o fato de que, depois de tanto estudar várias áreas do conhecimento, Newton tenha se dedicado à Bíblia. Teria percebido nela uma fonte mais coerente e segura de informações e de inspiração?

Michelson Borges, editor

Ameaça atômica

Décadas após a Guerra Fria, o mundo volta a se preocupar com a ameaça atômica. O programa nuclear do Irã, o instável Paquistão e o isolamento da Coreia do Norte tornam a Terra um lugar mais perigoso. Apesar dos apelos internacionais pela redução de arsenal, cresce o temor de que outras nações ou mesmo grupos terroristas alcancem essa tecnologia.

O panorama é sério. A Coreia do Norte oferece perigo a sua vizinha do sul e ao Japão. Israel, alarmado com a retórica antissemita do regime iraniano e seu gigantesco programa atômico, pressiona por uma solução militar urgente. E, para complicar mais, segundo uma comissão bipartidária da Câmara dos EUA, o país norteamericano pode sofrer um ataque nuclear até 2013, pois a “margem de segurança” está diminuindo.

Não fosse a ação restritiva de Deus, o planeta provavelmente já estaria sob escombros e sem vida. A afirmação não é exagero, pois o arsenal nuclear mundial atual é capaz de destruir 16 vezes o nosso planeta, e já foi mais de duas vezes maior, segundo Roberto Godoy, especialista em segurança internacional. É evidente que Deus está contendo os ventos da guerra (Ap 7:1), num gesto de misericórdia e graça para salvar milhões, enquanto ainda há tempo.

Diogo Cavalcanti

Arsenal atômico mundial

Rússia: 5.192
Estados Unidos: 1.728
França: 300
Israel: 200
Reino Unido: 192
China: 176
Índia: 75
Paquistão: 15
Coreia do Norte: 2

Fonte: Bulletim of Atomic Scientists/The Guardian. Disponível aqui.