domingo, 17 de janeiro de 2010

Mãos abençoadas

Se a história de superação pessoal e sucesso profissional do Dr. Benjamin Carson, contada nas páginas dos seus livros, já emocionou e inspirou milhares ao redor do mundo, menor impacto não pode se esperar do filme sobre sua vida. Lançada em fevereiro de 2009, nos Estados Unidos, a produção começou a ser vendida no Brasil em janeiro deste ano (www.allcenter.com.br). Estrelado por Cuba Gooding Jr., cuja semelhança física com o médico impressiona, o filme mostra como o garoto de família desestruturada, com baixo rendimento escolar e temperamento descontrolado, se tornou um dos maiores neurocirurgiões do mundo. Tendo como ponto de partida uma das operações mais difíceis da carreira de Carson, a separação dos gêmeos siameses ligados pela cabeça, o roteiro retrata a infância de “Bennie” e mostra como a influência da sua mãe, da leitura e da fé em Deus foram fundamentais para que ele sonhasse e voasse alto.

Apesar de ser pintado como um homem sensível, religioso, idealista e bom pai de família, o filme decepciona os adventistas que (como eu) esperavam ver alguma referência ao adventismo. Na produção, a fé tem papel importante, mas secundário, na biografia de Carson. O grande mérito de seu sucesso é atribuído à mãe. Embora o drama termine com a bem-sucedida cirurgia de 1987, o “milagre” que consagrou o médico, deixou de abordar, ainda que no material extra, aspectos importantes da vida dele: como o trabalho filantrópico de sua fundação (http://carsonscholars.org), as condecorações que recebeu do governo americano e sua luta contra o câncer de próstata em 2002.

De qualquer forma, ninguém vai se arrepender de assistir Gifted Hands, pois é um estímulo para os jovens, uma homenagem aos pais dedicados e um lembrete a todos os cristãos de que nossas “mãos” são poderosamente abençoadas quando nos colocamos nas mãos de Deus.

(Wendel Lima, jornalista)

Para saber mais sobre o Dr. Ben Carson, leia Ben Carson (1997) e Sonhe Alto (1999). Acesse www.cpb.com.br ou ligue 0800-9790606.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quem controla sua mente?

Duas matérias publicadas na revista Veja desta semana me fizeram pensar. A primeira é a reportagem de capa sobre a memória. Pesquisas confirmam o que já se sabia: que memórias associadas a emoções ficam mais efetivamente trancadas no cérebro. O neurocientista português António Damásio diz que essas “imagens interiores” produzidas por um estado emocional “constituem aquilo que chamamos de espírito humano”. A outra reportagem (“O ‘efeito Avatar’ chega à TV”) trata das novas TVs com tecnologia 3D, que vão tornar o ato de assistir a um filme muito mais emocionante, uma vez que, com óculos especiais, se poderá ter a sensação de estar participando da história. A associação entre as duas matérias me foi inevitável. Mais emoção virtual e mais memórias trancadas na mente. Ellen White afirma que pela contemplação somos transformados, então imagine o tipo de transformação a que estarão sujeitas as pessoas que decidirem imergir nessas produções hollywoodianas cheias de lixo... O “espírito humano” está ficando cada vez mais corrompido...[MB]

O assunto rende mais, por isso estou escrevendo um artigo sobre isso para a seção “Raio X” da próxima edição da revista Conexão JA.

Michelson Borges, editor

Leia também: “Avatar e a saudade do Céu”

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Você é a igreja

O cardeal Angelo Giuseppe Roncalli, de Veneza, na Itália, era muito amigo do papa Pio 12. Por isso, sempre que precisava desabafar sobre suas dificuldades e buscar conselhos com alguém mais experiente, recorria ao seu amigo. Após a morte de Pio 12, em 1958, Angelo se tornou o papa João 23 e ficou conhecido por seu bom-humor e bondade. No seu primeiro dia de trabalho, deparou-se com problemas maiores do que imaginava. Naquela noite, revirou-se na cama tentando driblar as preocupações e dormir. Finalmente, conseguiu relaxar ao decidir pedir conselhos ao papa no dia seguinte. Porém, perdeu o sono de vez quando se lembrou de que ele era o papa!

Essa ilustração, que ouvi em um sermão do pastor Amin Rodor, de maneira até engraçada, mostra que não se deve fugir das responsabilidades, principalmente das espirituais. Quando se está diante dos compromissos e desafios é comum ser tentado a desistir, fazer “corpo mole”, responsabilizar os outros ou até mesmo “pular fora”. Mas rejeitar ou atender de “qualquer jeito” a vontade de Deus para você não é a melhor maneira de começar, viver ou terminar um ano. Ainda que pareça não tão confortável, Deus o está chamando a priorizar aquilo que realmente é importante.

É preciso sonhar e acreditar numa igreja melhor. Uma igreja que tenha uma experiência real com Deus; que conheça, viva, pregue e defenda a Bíblia; que descubra seus dons e os aplique para o crescimento de todos; que se transforme numa comunidade cada vez mais acolhedora, a fim de que atraia seus familiares, amigos e vizinhos; que ilumine seu bairro; e que sinta a atmosfera do Céu a cada culto.

O que nós não podemos esquecer é de que a igreja sou eu e você. Se você deseja uma igreja melhor, seja um adventista diferente em 2010. A igreja dos sonhos começa com suas pequenas e grande atitudes. Com a pontualidade e frequência aos cultos; com o cuidado dos pais quanto à reverência dos filhos; com a organização, exemplo e otimismo dos líderes; com a oração intercessória dos mais quietos; com a participação dos tímidos nos bastidores; ou com a disposição dos jovens para “tocar” os projetos. A igreja com a qual eu sonho não é ilusão, porque é o ideal de Deus. Lembre-se: a igreja é você.

Feliz ano novo!

Wendel Lima

Viagem ao centro da Terra

Acompanhe nossa equipe em uma exploração às cavernas do Petar

Sono, muito sono. Afinal, eram cinco horas da manhã quando eu e o Daniel, um dos fotógrafos da Conexão JA, subimos ao ônibus em direção ao Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, o Petar. Criado em 1958, o Petar é a maior concentração de cavernas de São Paulo, localizado nas cidades de Iporanga e Apiaí, no sul do Estado. Acompanhávamos uma excursão de 46 jovens adventistas de Tatuí, SP. Para chegar lá, percorremos 230 km, a maior parte deles em uma estrada cheia de curvas. Não foi à toa que o ônibus deu uma paradinha para alguns se recomporem...

Chegamos em Apiaí por volta das 9h. Na entrada da cidade, os guias do Petar embarcaram e nos conduziram até o parque: subimos e descemos a serra. No meio do caminho, paramos para aproveitar a paisagem, no Mirante da Boa Vista.

Mais alguns minutos de viagem e, finalmente, o Petar. Descobrimos que o parque é bem maior do que imaginávamos – mais de 35 hectares – e o roteiro previsto incluía apenas o núcleo Santana (são quatro núcleos e cada um deles exige um dia de visita, no mínimo). Lá, os jovens se dividiram em grupos: todos iriam explorar os mesmos lugares, mas em horários diferentes. O Daniel e eu decidimos acompanhar um grupo pela manhã e outro à tarde.

LABIRINTO

A primeira aventura foi na Caverna de Santana. O guia, o animado Rodrigo Reis, nos informou que essa é a maior caverna do Petar. Ela possui cerca de 8 km mapeados, mas nossa caminhada seria de “apenas” 800 metros. E lá vamos nós, equipados com lanternas e capacetes.

De início, percebemos que essa não é uma caverna urbanizada como a lendária Caverna do Diabo. Para sair inteiro do labirinto, foi preciso se espremer em vários túneis estreitos e atravessar tábuas de 30 centímetros sob o Córrego Roncador, que passa dentro da caverna. A escuridão também não ajudou muito. O lugar era tão escuro que, para conseguir as imagens que você vê ao lado, o Daniel precisou da ajuda de uma lanterna para mirar o foco e de um flash superpoderoso.

Enquanto percorríamos a caverna, o Rodrigo aproveitou para nos explicar sobre as formações rochosas, que surgem a partir de goteiras de água. “Toda formação de cavernas é chamada de espeleotema. As mais conhecidas são as estalactites (que descem do teto) e as estalagmites (que ‘crescem’ do piso)”, listou ele. Mas há muitas outras rochas para ver, verdadeiras obras de arte da natureza: cabeça de cavalo, cabeça de macaco, pata do elefante, seios de Fafá, bolo de noiva, gruta do Cristo, altar, bailarina, asa do anjo (quando a estalactite abre para o lado), cortinas de bacon...

Um dos momentos mais emocionantes foi na gruta do segredo, próximo ao Cristo: quem quiser descobrir o mistério precisa se arrastar deitado no chão até o fim de um túnel de cerca de cinco metros, onde só cabe uma pessoa por vez. Entre minhas tendências claustrofóbicas e minha curiosidade, venceu a curiosidade. Arrastei-me até lá e desvendei o enigma. Só não vou revelar qual é...

No salão do encontro – gruta que liga os níveis inferior, intermediário e superior da caverna –, o Rodrigo fez uma brincadeira conosco. Pediu para que ficássemos em silêncio e apagássemos as lanternas. Blecaute! A escuridão era total; não conseguíamos ver nem mesmo os dedos da mão. “Se ficássemos acima de 25 minutos no escuro, teríamos a audição aguçada e começaríamos a ouvir ruídos que normalmente não ouviríamos”, garantiu o guia. Realmente, antes mesmo desse período, até conseguimos ouvir o barulho do rio, no piso inferior. Foi um alívio quando as luzes se acenderam novamente e encontramos o caminho de volta.

ANFITEATRO NATURAL

Depois de forrar o estômago, pegamos carona com outro grupo. Primeiro, fomos até a Caverna do Morro Preto. Para chegar lá, encaramos uma trilha de subida bem íngreme. Mas valeu a pena. Na entrada, um pórtico com aproximadamente 15 metros de altura e 10 de largura antecipou a visão interna.

Ao entrar no átrio, senti-me em um anfiteatro natural. A sensação se confirmou quando o guia, o Luís Antônio Reis (irmão do Rodrigo), nos informou que o Petar contrata uma orquestra para se apresentar ali em todos os seus aniversários. Alguém dá um grito para sentir a acústica. Impressionante.

Ainda no átrio, o Luís nos mostra alguns fósseis de caracol e lesma. Dada a altura elevada da caverna, ele diz que esses sedimentos só poderiam ser depositados ali por meio de uma forte correnteza de água (soa familiar?).

Com a ajuda de uma corda, passamos bem pertinho de um precipício. O guia tenta nos assustar contando a história de um homem que morreu nessa caverna. “Ele ultrapassou a área de visitação e se arriscou desnecessariamente”, tranqüilizou em seguida, garantindo que nosso trajeto é seguro. No fundo da caverna, vemos a luz da entrada. Seria muito nerd dizer que me lembrei da alegoria da caverna de Platão?

TÚNEL MOLHADO

Fazemos o caminho de volta e partimos para a última exploração, a Caverna do Couto. Ao contrário da larga entrada da gruta anterior, esta é bem apertada. Alguns até pensaram em desistir. Sem chance. Já dentro da caverna, descemos por uma escada e alcançamos o Rio Couto, onde é quase inevitável botar os pés na água. Além do frio, deu dó de molhar o tênis, mas... fazer o quê?

O grande destaque da Caverna do Couto é sua travessia de ponta a ponta, em cerca de 420 metros. O túnel, de início largo e espaçoso, vai se afunilando, afunilando, afunilando... lá pelo meio, temos que ir quase agachados. O Daniel, que mede 1,80 metro, agradeceu pelos capacetes: é que ele deu umas boas cabeçadas no teto. Eu, por minha vez, “dancei” bastante ao tentar me equilibrar nas pedras escorregadias.

Finalmente, chegamos à boca de saída da caverna. Então... fizemos o caminho de volta! Já explico: é que queríamos terminar o dia com um banho na Cachoeira do Couto, que fica na entrada da caverna. Se seguíssemos a saída normal, teríamos que enfrentar uma trilha enorme e não daria tempo. O jeito foi voltar e repetir tudo.

Mas é claro que houve emoções diferentes. Foi nesse momento que um morcego passou bem pertinho da gente. “Eles só atacam se você gritar ou ficar se mexendo, pois se sentem ameaçados. Basta ficar em silêncio e parado”, avisa o guia. Aham... falar é fácil, né?!

Ao sairmos da caverna, demos de cara com a cachoeira. Mais gelada, impossível. Mas ninguém relutou. Entramos na cachoeira com roupa e tudo, só para sentir a deliciosa hidromassagem natural. Depois, na volta para a sede do núcleo, enfrentamos até um banho de rio e uma travessia na pequena correnteza.

Fernando Torres

O teólogo Newton

Pouca gente sabe que Isaac Newton, um dos maiores cientistas de todos os tempos, era também estudioso das profecias bíblicas. Surpreendentemente, a revista Sapiens nº 4 (“filha” da Superinteressante) chamou atenção para esse lado pouco conhecido da história. O texto, com a chamada de capa “A face oculta de Isaac Newton”, afirma que o cientista passou a vida estudando a Bíblia para “prever quando Jesus voltaria à Terra”. O subtítulo, por sua vez, deixa claro o preconceito embutido: “Isaac Newton, quem diria, era um religioso fanático”. Fanático? Na verdade, o fato de Newton não ver contradição entre ciência e religião deveria fazer os cientistas céticos de hoje reverem seus conceitos.

A matéria diz mais: “No caso de Newton, o misticismo e a religião não só conviveram com a ciência como a fortaleceram. ‘Seu mergulho profundo nas experiências alquímicas [...] e nas raízes da teologia pode ter influenciado seus pensamentos a respeito de uma visão mais ampla do Universo’, afirma Michael White, autor da biografia Isaac Newton – O Último Feiticeiro.”

Segundo Sapiens, Newton morreu afirmando que o movimento e as órbitas dos planetas eram definidos por Deus, assim como a composição da matéria. “Se os homens, animais etc., tivessem sido criados por ajuntamentos fortuitos de átomos, haveria neles muitas partes inúteis, aqui uma protuberância de carne, ali um membro a mais”, escreveu o cientista, que “encarava o aprendizado como uma forma de obsessão, uma busca a serviço de Deus”, nas palavras de James Gleick, autor de Isaac Newton.

No fim da matéria, somos informados de que, nos últimos dias de vida, Newton passou a dedicar mais tempo ao estudo da Bíblia. É bastante significativo o fato de que, depois de tanto estudar várias áreas do conhecimento, Newton tenha se dedicado à Bíblia. Teria percebido nela uma fonte mais coerente e segura de informações e de inspiração?

Michelson Borges, editor

Ameaça atômica

Décadas após a Guerra Fria, o mundo volta a se preocupar com a ameaça atômica. O programa nuclear do Irã, o instável Paquistão e o isolamento da Coreia do Norte tornam a Terra um lugar mais perigoso. Apesar dos apelos internacionais pela redução de arsenal, cresce o temor de que outras nações ou mesmo grupos terroristas alcancem essa tecnologia.

O panorama é sério. A Coreia do Norte oferece perigo a sua vizinha do sul e ao Japão. Israel, alarmado com a retórica antissemita do regime iraniano e seu gigantesco programa atômico, pressiona por uma solução militar urgente. E, para complicar mais, segundo uma comissão bipartidária da Câmara dos EUA, o país norteamericano pode sofrer um ataque nuclear até 2013, pois a “margem de segurança” está diminuindo.

Não fosse a ação restritiva de Deus, o planeta provavelmente já estaria sob escombros e sem vida. A afirmação não é exagero, pois o arsenal nuclear mundial atual é capaz de destruir 16 vezes o nosso planeta, e já foi mais de duas vezes maior, segundo Roberto Godoy, especialista em segurança internacional. É evidente que Deus está contendo os ventos da guerra (Ap 7:1), num gesto de misericórdia e graça para salvar milhões, enquanto ainda há tempo.

Diogo Cavalcanti

Arsenal atômico mundial

Rússia: 5.192
Estados Unidos: 1.728
França: 300
Israel: 200
Reino Unido: 192
China: 176
Índia: 75
Paquistão: 15
Coreia do Norte: 2

Fonte: Bulletim of Atomic Scientists/The Guardian. Disponível aqui.